Durante audiência da Comissão Especial de Estudos sobre Contratos de Ônibus, realizada na terça-feira (27), participantes criticaram o modelo vigente da concessão do transporte coletivo de Belo Horizonte. A proposta de dividir as licitações e reduzir o controle das concessionárias ganhou força entre os debatedores.
Concentração de poder prejudica fiscalização no sistema de ônibus
Segundo o pesquisador André Veloso, as empresas de ônibus dominam toda a operação do sistema, incluindo garagens, bilhetagem, frota e funcionários. Isso impede o controle social e torna o serviço vulnerável a paralisações. A proposta apresentada é que a prefeitura retome o controle da bilhetagem e das garagens, terceirizando apenas a operação de rua.
Especialistas defendem mudanças estruturais
O urbanista Roberto Andrés destacou que a organização atual favorece cartéis e enfraquece o interesse público. Ele defende a quebra das licitações e a criação de um novo modelo mais inclusivo, transparente e descentralizado.
Jovens relatam impacto direto da precariedade
Vinícius Venades, do Conselho Municipal de Juventude, relatou a rotina de estudantes e trabalhadores que passam horas em deslocamento. Ele denunciou o alto valor da passagem em BH e os problemas recorrentes como veículos quebrados, atrasos, superlotação e falta de acessibilidade.
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Tarifa zero ganha destaque como tendência no sistema de ônibus
Andrés e Vinícius elogiaram o PL 60/2025, que prevê a criação do Fundo Municipal de Subsídio ao Transporte Coletivo e a tarifa zero. Atualmente, mais de 130 cidades já adotaram essa política. Belo Horizonte pode se tornar a primeira capital com gratuidade total no sistema de ônibus.
Câmara quer maior participação popular
Os vereadores Rudson Paixão e Helton Junior reforçaram a necessidade de um novo contrato que reflita o interesse coletivo. Segundo eles, mesmo sem poder formal para criar o contrato, o Legislativo pode influenciar o debate e ouvir as demandas da população.